Din din dom, din din dom, din din din din din din din din dom… Para alguns só existe esse toque, mas a questão vai muito além desse simples solfejo. São bento grande, iuna, cavalaria, são bento pequeno, e mais outros tantos toques extraídos do berimbau, instrumento composto por uma verga, arame, cabaça, dobrão, caxixi e uma baqueta,
Com todo respeito aos digníssimos mestres de capoeira,(Suassuna, João Pequeno, Pastinha, Bimba, João Grande e outros), ver os músicos Naná Vasconcelos e Gustavo de Dalva tocando berimbau, é algo impactante. Agilidade, criatividade, molejo, arranjos, enfim, do oiapoque ao Chuí, o som do berimbau ressoa a cultura baiana e brasileira contagiando as pessoas dos quatro cantos do mundo.
Nesse texto berimbalado, não posso esquecer de citar uma pessoa que não é brasileira, mas veio beber na fonte, bebeu tanto que encheu vários “copos de conteúdo” e o resultado foi o livro Método de Berimbau, feito por Ramiro Musoto.
Conteúdos - Técnica e posições básicas do instrumento, afinação e armado do instrumento, notação musical para o berimbau com o método próprio, leitura de partituras com os toques tradicionais da Capoeira Angola e Regional, comentários sobre a função e história de cada toque no jogo da capoeira, audição e explicação de gravações antigas dos grandes mestres da capoeira (Bimba e Pastinha) e samba no berimbau, são alguns dos conceitos teóricos e práticos criados pelo músico argentino, quase brasileiro, praticamente baiano.
Enquanto alguns 'baianos' consideram percussão/berimbau 'música menor' ou questionam quanto ao valor da musicalidade de percussiva da Bahia, outras pessoas mesmo não sendo baianas de nascimento, valorizam o valor dessa cultura e a divulga pelo mundo com muito orgulho.
Enquanto muitos aprendem a manusear um bisturi e não se tornam médicos, outras pessoas aprendem a tocar um berimbau e se tornam artistas. Artistas estes que saem das ruas, viajam o mundo, pois no Brasil a arte não é valorizada como merece.