sexta-feira, 9 de maio de 2008

O som do berimbau


Din din dom, din din dom, din din din din din din din din dom… Para alguns só existe esse toque, mas a questão vai muito além desse simples solfejo. São bento grande, iuna, cavalaria, são bento pequeno, e mais outros tantos toques extraídos do berimbau, instrumento composto por uma verga, arame, cabaça, dobrão, caxixi e uma baqueta,

Com todo respeito aos digníssimos mestres de capoeira,(Suassuna, João Pequeno, Pastinha, Bimba, João Grande e outros), ver os músicos Naná Vasconcelos e Gustavo de Dalva tocando berimbau, é algo impactante. Agilidade, criatividade, molejo, arranjos, enfim, do oiapoque ao Chuí, o som do berimbau ressoa a cultura baiana e brasileira contagiando as pessoas dos quatro cantos do mundo.


Nesse texto berimbalado, não posso esquecer de citar uma pessoa que não é brasileira, mas veio beber na fonte, bebeu tanto que encheu vários “copos de conteúdo” e o resultado foi o livro Método de Berimbau, feito por Ramiro Musoto.

Conteúdos - Técnica e posições básicas do instrumento, afinação e armado do instrumento, notação musical para o berimbau com o método próprio, leitura de partituras com os toques tradicionais da Capoeira Angola e Regional, comentários sobre a função e história de cada toque no jogo da capoeira, audição e explicação de gravações antigas dos grandes mestres da capoeira (Bimba e Pastinha) e samba no berimbau, são alguns dos conceitos teóricos e práticos criados pelo músico argentino, quase brasileiro, praticamente baiano.

Enquanto alguns 'baianos' consideram percussão/berimbau 'música menor' ou questionam quanto ao valor da musicalidade de percussiva da Bahia, outras pessoas mesmo não sendo baianas de nascimento, valorizam o valor dessa cultura e a divulga pelo mundo com muito orgulho.

Enquanto muitos aprendem a manusear um bisturi e não se tornam médicos, outras pessoas aprendem a tocar um berimbau e se tornam artistas. Artistas estes que saem das ruas, viajam o mundo, pois no Brasil a arte não é valorizada como merece.
Obs.: A foto do texto foi copiada do - http://www.fotolog.com/evertrip/

3 comentários:

Unknown disse...

Muito bom texto, meu amigo Éric! Só senti a falta de uma crítica mais dura ao coordenador do curso de medicina da Ufba. Mas, acho que seu propósito foi apenas cutucar, né?! Cutucou bem, pois lá na faculdade de medicina, na qual os alunos baianos vão aprender o ofício da medicina, que o desempenho do curso foi baixo, no Enade. Talvez, se o coordenador-racista-demagogo-anticultura ensinasse a tocar berimbau, acompanhado do belíssimo batuque do olodum, o desempenho do curso de medicina fosse melhor. Mas, deixa isso pros nossos artístas de "QI baixo", que encantam o mundo. Imagine se tivessem QI elevado???
Abraço.

SanBio disse...

"Enquanto muitos aprendem a manusear um bisturi e não se tornam médicos, outras pessoas aprendem a tocar um berimbau e se tornam artistas". Essa foi de arrepiar.
Ontem estava vendo Carlinhos Brown rumo à Europa. Negro, baiano, puro talento e enorme inteligência.
Quanto ao professor D'anta's, teve os seus minutos de fama. Até internacional!
Sucesso para vc no seu novo blog.
Bj

Wênia Xavier disse...

Como consigo esse método de berimbau o mais urgente possível para citá-lo na minha dissertação de mestrado em música?
(Wênia, João Pessoa, wenia2@yahoo.com)