quarta-feira, 14 de maio de 2008

"Correntes invisíveis"

Para que o fogo da desigualdade social não se alastre é necessário
seguir pelo caminho da educação justa


As correntes dos navios negreiros que traziam os negros do continente Africano (Sudão, Daomé, Nigéria, Benin, Congo, Angola, Moçambique), não são as mesmas do período escravagista, o que se encontra agora é uma reconfiguração. O carnaval é um exemplo dessa nova forma de segregar e dividir as camadas sociais. Enquanto os cordeiros trabalham muito, ganham pouco e são chicoteado pelos cassetetes e fantas, uma minoria social se diverte, e faz com que a desigualdade social fique em mais evidência.

Não é por acaso que os movimentos negros lutam pelas cotas, pela inserção da história da África no currículo escolar. São mais de 500 anos com uma visão estereotipada da negritude. Desde crianças, somos educados sem boas referências de nossa origem, pois ainda vivemos numa sociedade eurocêntrica, que não dá valor a culturas que não pertençam ao continente Europeu, aliás, esconde as partes positivas e contribuições da nossa mãe África.

Conhecimento é poder, logo, as camadas sociais de grande poder aquisitivo, não almejam que as classes menos favorecidas tenham acesso a informações, pois isso significa ameaça ao aos oligopólios.

Hoje, os negros lidam com uma série de amarras implícitas. A ditadura da moda que aliada aos parâmetros da TV, fazem com que as pessoas sejam forçadas, a se adequarem aos perfis impostos pelos conglomerados midiáticos.

Na televisão quais são os papéis representativos feito pelos atores negros? Quais são as apresentadoras negras que trabalham em programas infantis?Quais as referências negras/afrodescendentes na televisão? Por que geralmente fora do Brasil as negras que trabalham com dança são chamadas de prostitutas? Por que no mercado de trabalho as tranças, dread/rasta e o cabelo black power incomodam tanto?

A capital mais negra do nosso país precisa de um trabalho educativo em que as crianças, adolescentes, jovens e adultos possam ser sensibilizados a terem orgulho de sua história. Saber falar sobre outros heróis negros além de Zumbi dos Palmares. Enfim, acredito que a arte-educação é o caminho principal para combater a desigualdade social e racial, através dela adquirimos conhecimentos e vamos bater no peito sem vergonha alguma de dizer: Eu sou negão !!!

4 comentários:

Ila Câmara. disse...

Meu caro André, é com muita satisfação que comento aqui viu, muito admirada e boquiaberta com a crítica. Não é que vc tem talento até para isso![rsrs]Brincadeiras á parte a sua análise é um grito de indignação, muito embora tenha sido alcançada a abolição da escravatura ainda nos encontramos presos a correntes que em nada são invisíveis apenas camufladas para ocultar tamanha discaração(com o perdão da palavra).Nós, os afrodescendentes, vistos como um bando de assalariados reprimidos em sua origem, cultura e arte-educação que no todo é um contexto étnico.
Quando vc diz que precisamos de um trabalho educativo, concordo dando-lhe toda razão.Mais antes é necessário que o negro assuma sua originalidade, reveja seus valores e depois sim, ele possa bater no peito e exclamar a sua negritude.

Tiago Gargur disse...

Bom texto meu velho, assunto sempre atual, já que esse quadro nunca muda, para a nossa tristeza... Logo em um país composto de misturas é possível encontrar uma cena social contraditória às nossas origens.
Um abraço!
Tiago

Attomos cia de dança disse...

Em meio tantas monopolizações do conhecimento por conta das faculdades de arte, especificamente falando sobre a faculdade de dança, ainda é de valor incomensurável que a arte-educação é o caminho para essa nossa discrepância histórica racial, mas, percebamos também as atitudes taciturnas e convenientes de muitos cidadãos quando de sertã forma é lhes oferecidos algumas vantagem em quanto ficarem calados e fazerem vistas grossas sobre determinadas questões da nossa sociedade.
Acredita que tá mais do que na hora de gritamos e deixarmos de sermos covarde, vamos negar os conceitos e o sistema/pacote de educação que não nos pertence, vamos expor nossos pensamentos e nos recusarmos a contribuir com esse sistema. Anderson Rodrigo

Attomos cia de dança disse...

Em meio tantas monopolizações do conhecimento por conta das faculdades de arte, especificamente falando sobre a faculdade de dança, ainda é de valor incomensurável que a arte-educação é o caminho para essa nossa discrepância histórica racial, mas, percebamos também as atitudes taciturnas e convenientes de muitos cidadãos quando de sertã forma é lhes oferecidos algumas vantagem em quanto ficarem calados e fazerem vistas grossas sobre determinadas questões da nossa sociedade.
Acredita que tá mais do que na hora de gritamos e deixarmos de sermos covarde, vamos negar os conceitos e o sistema/pacote de educação que não nos pertence, vamos expor nossos pensamentos e nos recusarmos a contribuir com esse sistema.
Anderson Rodrigo